quarta-feira, 25 de março de 2009

Amores perigosos


Seria correto continuar uma relação que já está capenga apenas porque o(a) outro(a) não aceita o fim e ameaça acabar com a própria vida? É melhor continuar a relação para evitar uma tragédia?

Gostaria de destacar a diferença entre namoro, noivado e casamento. Se a pessoa está casada, de acordo com o que Jesus diz em Mateus 19, não deveria mesmo separar-se. Ele disse: “Aquilo que Deus ajuntou, não o separe o homem.” É fato conhecido que, de acordo com a Bíblia, quando um casal mantém relação sexual está unido por Deus, tornando-se uma só carne. Aos olhos dEle, essa união só pode ser substituída por outra em caso de adultério ou morte do cônjuge. E se não houve adultério, não deveria haver separação e novo casamento. Em geral, pode-se dizer que, neste caso, a relação deveria continuar independentemente de a pessoa ameaçar com o suicídio ou não.

Mas existem alguns casos (raros), quando estão envolvidas ameaças contra a vida ou mesmo abuso sexual de filhos, em que a separação poderia ser uma alternativa menos pior (só Deus o sabe). De qualquer modo, uma ameaça de suicídio não deveria ser razão apropriada para se reatar uma relação.

Falando especificamente sobre o rompimento de um namoro ou noivado, se houver a ameaça de suicídio, essa pode ser até mais uma razão para confirmar que a relação não deveria mesmo continuar. Não se trata de falta de amor cristão. É que casamento, namoro ou noivado não é psicoterapia, e uma casa não é consultório psiquiátrico. Uma pessoa que ameaça com o suicídio precisa de atenção profissional, e isto o ex-namorado(a) ou ex-noivo(a) não pode dar, ainda que seja profissional da área de saúde mental.

Quem está fazendo a ameaça de suicídio deve ser encaminhada(o) a um psiquiatra ou psicólogo e fazer terapia, receber cuidados. E se for blefe? Bem, se está blefando desse modo mesmo antes de se casar, utilizado-se desse tipo de chantagem emocional, imagine depois! A outra pessoa fica imaginando que em caso de morte pode se sentir culpada pelo resto da vida, e assim pode acabar tomando uma decisão errada para se livrar da culpa. Mas a relação nunca vai ser normal. Se continuar, a culpa sempre vai ser utilizada para manipular o cônjuge, quando o verdadeiro motivador de uma união deveria ser o amor. Então, se uma pessoa ameaça se matar por causa do rompimento de uma relação, ou está doente e precisa de tratamento, ou é extremamente manipuladora e, nesse caso, é mais um importante indicador de que a relação tinha mesmo que terminar. Sujeitar-se a esse tipo de chantagem é permanecer nas mãos de outra pessoa e perder a liberdade.

Namoro não é terapia e também não é evangelismo. Tem gente que pensa que se terminar um namoro a outra pessoa pode se perder, ou seja, abandonar a Deus! Por acaso você está pensando que é o(a) salvador(a) ou o Espírito Santo? Ninguém vai conseguir levar ao outro para o Céu “de arrasto”... Existem ainda outras pessoas que se imaginam terapeutas do amor e então supõem que podem resolver traumas, carências ou transtornos mentais do outro por meio do namoro, mas acabam enterrando a vida em um relacionamento doentio e que será fonte constante de sofrimento. No dizer de Ellen G. White, perdem a felicidade nesta vida e ainda correm o risco de perder a vida eterna! (O Lar Adventista, p. 63, 70, 72).

Namoro também não é obra de misericórdia. Não se deve casar por pena, para ajudar ou até livrar o outro da morte. A gente pode ter pena e ajudar a livrar outros da morte sem namorar ou casar. Casamento é coisa séria demais para que seja consumado por esse tipo de motivação. Quem se casa para fazer um favor ou para “ajudar” alguém vai passar o resto da vida sentindo que o outro lhe deve algum favor, e, mesmo inconscientemente, vai acabar cobrando o seu preço, ainda que não esteja completamente consciente disso. E o outro não vai suportar viver sendo cobrado. Essa relação vai estar sempre desequilibrada e a felicidade não será completa.

De acordo com Ellen G. White (O Lar Adventista, p. 43), casar-se sem amor é definitivamente pecado. Deus não aprova esse tipo de relação, por mais piedosa que possa parecer a motivação. Então, se o outro está ameaçando se matar caso o relacionamento não seja reatado, comunique isso aos familiares dessa pessoa para que procurem ajuda, e afaste-se logo, para não ficar dando falsas esperanças. E faça isso o quanto antes. Você não será responsável pelas escolhas ou desequilíbrio mental do outro.

Agora, se isso está realmente acontecendo com você, antes de encerrar, eu gostaria de fazer algumas perguntas que exigem respostas bem honestas: Como foi esse namoro? Que tipo de relacionamento e intimidade vocês tinham? Houve algum tipo de intimidade física que produziu um senso indevido de pertencimento, posse ou propriedade? Houve alguma promessa de compromisso futuro para se conseguir liberdades físicas ou sexuais que não eram apropriadas para o período de namoro? Depois que se conseguiu isso, um agiu com desprezo como se o(a) outro(a) fosse apenas mais um pedaço de carne à disposição do seu prazer?

É bom que você saiba que brincar com corações é crime grave aos olhos de Deus (O Lar Adventista, p. 57). Quando alguém brinca com os sentimentos de um ser humano criado à imagem de Deus, está brincando com o próprio Criador, e terá que prestar contas a Ele. Paulo diz em 1 Tessalonicenses 4:6-8: “Neste assunto, ninguém prejudique seu irmão nem dele se aproveite. O Senhor castigará todas essas práticas, como já lhes dissemos e asseguramos. Porque Deus não nos chamou para a impureza, mas para a santidade. Portanto, aquele que rejeita estas coisas não está rejeitando o homem, mas a Deus, que lhes dá o seu Espírito Santo.”

Então, caso algum erro tenha sido cometido neste assunto, é necessário pedir perdão a Deus e à pessoa que foi humilhada e desvalorizada. Mas se é você que está sofrendo esse tipo de humilhação e rejeição, apegue-se com Deus e confesse sua fraqueza, por ter cedido às tentações. Ele tem poder de reconstruir aquilo que foi destruído dentro de você. Ele é tanto o Criador quanto o Restaurador e Redentor. Mas lembre-se, de qualquer modo, não valeria a pena casar-se com uma pessoa que trata outro ser humano do modo como você foi tratado(a).

(Marcos Faiock Bomfim, apresentador do programa “Novo Tempo em Família” da Rede Novo Tempo de Rádio e diretor do Ministério da Família e Mordomia Cristã da USB)

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