Certa vez Jesus afirmou que os mansos herdarão a Terra. Talvez ele estivesse lembrando do salmo 149 quando afirmou isso no sermão do monte.
A mansidão recomendada por Jesus e pelo salmista é uma virtude cada dia mais rara. Quase ninguém deseja desenvolver ser manso, e aqueles que por índole sentem-se confortáveis com atitudes de mansidão são forçados com violência pela crítica dos próximos a abandonarem qualquer ensaio nessa direção.
É curioso que o salmista tenha afirmado que os mansos são adornados com a salvação. Os adornos ou enfeites são usados para embelezar e chamar a atenção para algo.
Parece que o escritor do salmo reconhece que aqueles que agem com mansidão não parecem atraentes.
Em um mundo no qual o desejo de domínio e controle entronizam os fortes e orgulhosos não é difícil que os mansos sejam considerados fracos, sem personalidade e incapazes de enfrentar situações conflituosas.
Agir com mansidão na escola, no trabalho, na igreja ou em qualquer outro lugar parece incomodar e atrair para si a repulsa de uma sociedade que se afirma no exercício do poder.
A confusão entre mansidão e falta de ânimo é recorrente, talvez porque algumas das atitudes dos mansos e dos desanimados se pareçam, como não se aferrar aos seus próprios direitos. Mas há uma grande diferença entre os motivos que os levam a agir assim: os desanimados são os que desistem da vida e se tornam incapazes de reagir com têmpera; já os mansos estão comprometidos com a vida e o seu doador a tal ponto que entregam a defesa de seus direitos mais preciosos nas mãos Dele.
Não é muito difícil desistir da vida e abandonar-se ao desânimo, mas optar pela mansidão só é possível para aqueles que submetem suas vidas aos cuidados do Senhor como uma atitude de confiança Nele.
Nisso consiste a mansidão: em não tomar para si a responsabilidade de fazer valer os seus direitos e defender-se da vida, mas abrigar-se sob os cuidados de Deus.
Na
lógica do Reino, o Senhor toma em seus braços aqueles que foram
considerados repulsivos pela sociedade e os enfeita com o bem mais
precioso que há: salvação.
Bem melhor são os preciosos adornos que o Senhor concede aos mansos do que as bijuterias de fundo de quintal, fabricadas no calor da insegurança sobre os cuidados de Deus por nós.
Um forte arbaço!
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