terça-feira, 22 de maio de 2012

A sinceridade e a obediência


Talvez o texto desta semana não seja tão fácil de entender, mas acho importante falar sobre o tema. Você deve até já estar se perguntando, o que ele quer dizer com esse título? Bem, vou explicar.


A vida cristã está, muitas vezes, dividida entre agir com o desejo e a vontade, e agir com a responsabilidade apenas. Deixa-me explicar melhor. Muitas vezes, não temos um coração generoso, mas somos cobrados pela palavra de Deus a sermos assim, e dividirmos nossos bens, ajudando outros financeiramente. Às vezes, somos preguiçosos e egoístas, mas somos incentivados a largar o que estamos fazendo para ajudar a outros. Por vezes não amamos algumas pessoas ao nosso redor, mas somos levados a agir como se amássemos, ou seja, com atenção, carinho, dedicação etc.

Mas será que agir com a obrigação, sem sentimentos, ainda assim é válido? Ou seríamos considerados hipócritas? Sempre existem aqueles que dizem: “Aja segundo o seu coração!”. Mas não é bem assim. A própria Bíblia diz que o coração do homem é enganoso. Se fossemos esperar para fazer o bem e caminhar com Deus apenas quando sentíssemos vontade... as coisas com certeza não iam andar bem.

Mas não se engane, o agir por responsabilidade, mesmo sem vontade, também é uma atitude nobre. Li, certa vez, um livro que fala sobre as virtudes do ser humano, e a primeira delas é o que o autor chama de polidez (o que seria ser bem educado). Seria o agir COMO SE... como se eu fosse generoso, como se eu fosse simples, como se eu fosse amoroso, como se eu tivesse uma dessas virtudes, mas, na verdade, eu estou apenas procurando ter. Esse “procurar ter” já seria uma virtude em si.

Às vezes, a última coisa que eu quero fazer é pedir desculpas por um ato, pois posso pensar que o outro tem mais culpa do que eu. Mas, eu ajo com certo esforço e contra minha vontade para dar esse perdão, pois sei que é assim que Cristo nos ensinou. Essa minha atitude, que pode parecer não possuir sinceridade, é capaz de desencadear transformações de vidas e relacionamentos para algo melhor. O sentimento de raiva e egoísmo que eu ainda tinha quando pedi desculpas, pode se transformar num sentimento de amor e alegria.

Os sentimentos sinceros vêm com o tempo e devemos buscá-los. Enquanto não os temos, devemos agir com responsabilidade. Isso acontece com o amor, pois somos orientados pela bíblia a tratarmos. as pessoas com amor mesmo quando não sentimos amor. Nas igrejas, por vezes, falamos que amor é uma escolha, e como não seria se o próprio Jesus nos manda amar ao próximo como a nós mesmos? Amar até os inimigos?! Acredito que o amor é escolha e sentimento. Acredito que o amor tem vários estágios. Nos “primeiros níveis” agimos por esforço e dedicação para dar o melhor a quem é objeto de nosso amor e, com o tempo, o “sentimento” de amor realmente brota, e o agir com amor começa a se tornar mais natural. É como o amor de um pai por um filho. Esse amor já está num estágio tão elevado que um pai faz um bem para um filho sem nenhum esforço, mas apenas com alegria. Generalizando, é muito mais fácil sacrificar seus recursos financeiros com um filho do que com um estranho, não é? Pois o amor pelos filhos carrega um grande sentimento.

Com a fé também é assim. Todos temos altos e baixos em nossa fé! Acredito que muitos (e se não todos), mesmo depois de termos dedicado nossos corações à Cristo, nos perguntamos em algum momento: “mas e se Deus não existisse?” ou “e se tudo for um engano meu?”. Não devemos ter vergonha de nossas fraquezas na fé. Se tivéssemos uma fé perfeita Jesus não teria nos incentivado a orar para termos mais fé. Mas é nesse momento de “tempestade” na fé que devemos agir “como se...”, não quero dizer agir com fingimento, quero dizer com esforço para resgatar novamente a confiança em Deus e na Bíblia, buscando por evidências e argumentos que me ajudem a resgatar minha fé sincera.

Como cristãos devemos procurar sentir os sentimentos mais nobres pelas pessoas, mas se não os sentirmos, teremos que nos esforçar para agir como se sentíssemos, sendo obedientes à vontade de Deus, pois o esforço em si já é uma grande atitude.



Por  Tiago Roffé.

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