quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Desigual

 Boa noite pessoal,
Recebi este belo texto e resolvi postá-lo, porque achei o conteúdo bem forte e bonito.
São fatos reais.

As vezes queremos explicar o inexplicável. Não há como descrever a imensidão dos nossos sentimentos, aquilo que está guardado no mais profundo do nosso ser.
E, quanto mais tentamos, mais nos magoamos, pois não alcançamos êxito e nos frustramos, nos sentido pequenos diante da imensidão do que o nosso coração guarda

Desigual

Foi pai que um dia me ensinou a fazer assim. Não era por querer,  mas me ensinava quando eu ficava olhando pra ele.
No fim das contas ele me ensinava, na verdade, a não ser igual. Eu queria ser diferente. Não conseguia entender como uma garrafa de pinga podia valer mais que a minha mãe. Por mim, já não digo, por que pra ele eu sei que não existia.
Entendia menos ainda, como ele conseguiu sumir e deixar pra traz a mãe. De mim, já não digo...
O pior é nem saber se está vivo ou morto. Ele sumiu, mas deixou a incerteza que sempre estava ligada a ele, como se fossem um. Em nada tinha segurança, eu nunca  podia esperar algo dele.
Aprendi, por mim mesmo, que não podia ser igual. Só eu sentia o meu sofrimento com aquela indiferença, não queria causar o mesmo sentimento em mais ninguém.
E, quando alguem me elogiava, eu dizia: "Foi pai que um dia me ensinou a fazer assim".
Mal sabiam que, na verdade, ele sempre mostrava o contrário. Quem me ensinou de verdade foi a barriga vazia, as noites em claro por causa do medo, as brigas e a decepção.
Eu queria de verdade, era que ele me visse. Não que olhasse por olhar. E sim, que visse que dentro de mim também existe alguém. Ele deve ter lá seus desgostos e alegrias, não sei, nunca soube. Mas eu queria poder contar as minhas histórias.
Ainda hoje, continuo sem saber onde ele está e se existe. Mas aprendi, acima de tudo, que eu ainda existo ele querendo ou não. A minha mãe, essa eu não deixo. Ela fez sozinha tudo o que o pai devia ter ajudado a fazer. Tenho pelo menos a consideração que ele nunca teve ou nunca soube demonstrar.

Créditos:
Autora - Juliana dos Santos Silva


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