sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Frágil

Cheguei ao hospital, preenchi meu formulário e sentei em frente à sala em que seria atendido.
Minha vontade era: ser prontamente atendido e remediado com algo que me fizesse ficar melhor, mas as pessoas que possuíam prioridade no atendimento diziam que eu deveria esperar.


Hospitais, para mim, nunca foram o mais prazeroso lugar de reflexão. Eles me fazem refletir em uma fraqueza e um fim.
O discurso de ser o homem a medida de todas as coisas desmorona ante a fragilidade de sua vida. Por esse motivo talvez seja cômodo a alguns acreditarem na vida imediata após a morte.

Lembrei das infortunas vezes que fui a hospitais sem ter a certeza do que aconteceria. Apreensões, incertezas, medo e uma esperança que era confrontada com a realidade do ambiente.

Desde pequeno tenho aversão tanto ao local quanto as profissões que se aplicam a ele. Sempre admirei, mas nunca ousei transformar tal local em meu cotidiano de trabalho, local onde vida e morte estabelecem seus limites.
Minha reflexão foi brutalmente interrompida por um grito e uma cena. Um garoto ensangüentado cruza o corredor do hospital em uma maca. Logo atrás, sua mãe está desesperada em prantos.

O garoto entra na sala de cirurgia enquanto sua mãe parece fazer uma prece em meio aos prantos para que o seu filho ficasse bem.
Por um momento esqueci o motivo que havia me levado aquele local e tornei tal cena o foco de minha atenção. A situação parecia rodar em câmera lenta. A mãe fazendo sua prece em meio a lagrimas, minha imaginação deduzindo o que ocorria dentro da sala de cirurgia e se ela teria ou não seu filho com vida em seus braços.

Ela olhava para as coisas de seu filho como se lembrasse de momentos em que ele estava bem. Sua expressão e seu olhar distante pareciam levá-la para uma situação mais esperançosa, onde possivelmente seu filho estaria bem e ela o teria sem medo de perdê-lo.
Diferente de onde ela estava sendo levada, sua segurança de ficar com seu filho era confrontada agora. Seus olhos não pareciam distante por ser levada a um lugar seguro, mas por ser tomada de inseguranças.

Um médico cruza o corredor até ela, aumentando ainda mais a sua apreensão. Ele começa a falar e consigo ouvir suas palavras através da face daquela mãe.
A certeza mais temida se torna realidade, ela não teria seu filho com vida em seus braços. Minha ida ao hospital se transformou em reflexão.


"a duração da sua vida  é tão incerta quanto a neblina do amanhecer; agora se vê, mas logo se esvai!" Tiago 4.14



Crédito: Nuances Cotidianas

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Image du Blog perolascraps.centerblog.net
Source : perolascraps.centerblog.net sur centerblog.